quinta-feira, 18 de junho de 2009

Coluna Mística: Desvendando Sonhos – Por Miguel Monte

Coluna Mística: Desvendando Sonhos – Por Miguel Monte


Quem não sonha? Todos sonham! Contudo, às vezes nos lembramos do que sonhamos ou às vezes nem tanto; o que importa, segundo teoria de diversos psicólogos, se não sonhássemos, estaríamos débeis. Diversas tradições religiosas e étnicas se assemelham ao tema. Na tradição judaica, segundo o livro de Robert Blais, diversos sonhos foram interpretados e relatados no antigo testamento: a exemplo do sonho de Jacó, “em que os anjos subiam e desciam uma escada que ligava o céu e a terra”, ou mesmo o sonho do faraó: “Sete vacas gordas devoradas por sete vacas magras e sete espigas grossas igualmente absolvidas por sete espigas finas e queimadas”; além do sonho de Nabucodonosor... Temos ainda na tradição egípcia onde diversos escritos fazem alusões aos sonhos, o de Tutmés IV, que adormeceu embaixo da esfinge; ainda temos a tradição grega, quando ensinava nas escolas fundadas por Pitágoras e Platão: “A alma liberada do corpo, torna-se então receptiva às inspirações divinas durante o sono”.
Mas foi Artemidoro de Daldis que galgou a maestria de interpretação dos sonhos, o seu livro: “O tratado dos Sonhos” interpretava mais de três mil sonhos. Na tradição islâmica, Maomé recebeu sua missão em sonhos, através das ordens do anjo Gabriel: “Ó Maomé! És o mensageiro de Alá e eu sou Gabriel...” A tradição mulçumana contém diversos interpretes dos sonhos, tanto quanto o islamismo, ao passo que eles praticam rituais proféticos para descobrir o futuro: “Istikhara”, “consiste em adormecer após ter escrito a pergunta na palma da Mao esquerda; Segundo Avicena: “No sono, a alma está sujeita à imaginação. Se é fraca, é dominada. Se é vigorosa, tornar-se como o esplendor das substâncias espirituais”.
Na tradição cristã temos o Evangelho de Matheus que relata os dois sonhos de José, o primeiro para casar-se com Maria e o segundo para fugir para o Egito, pois a sagrada família estava em perigo. Diversos sábios consideram de grande importância os sonhos, como: São João Crisóstomo, Justino e Clemente de Alexandria, que alertavam aos fiéis “não fecharem a porta à luz dos sonhos”. Conquanto, A Igreja fechou as portas para aqueles que tinham sonhos proféticos, ciente, que o novo testamento, já era por demais suficiente para prover “luzes aos fiéis”, mesmo Santo Agostinho tendo muito sonhos místicos, mas, não podia propagá-los devido a sua ideologia; O sonho então foi condenado pela Igreja: “A interpretação dos sonhos, declara Mario Mercier, é doravante considerada uma perigosa superstição que afasta os cristãos da palavra Sagrada, a das escrituras. É o diabo em pessoa quem se apodera dos sonhadores, fazendo aparecerem-lhes criaturas estranhas ou realizando seus mais pérfidos desejos”.
Na tradição oriental temos diversos significados importantíssimos aos sonhos, principalmente os doutrinados pelos budistas. Mas é na ciência que vemos os mais brilhantes debates, entre Sigmund Freud e Jung; Porquanto, Jung foi o cientista que mais se aproximou do misticismo, contrariando o seu mestre Freud.
Jung foi um médico suíço que viveu de 1875 a 1961; uma das características de Jung era sua capacidade de aliar a atitude cientifica a abertura espiritual. Jung também foi um estudioso ao animismo, o hinduísmo, o gnosticismo e a alquimia.
Segundo citações de Robert Blais, Jung, embora reconhecesse a teoria de Freud, sobre o inconsciente individual, Jung ampliou este conceito aplicando-o a toda a humanidade. Tendo notado estruturas psíquicas semelhantes nos relatos mitológicos e lendários de diversas culturas, assim como nos sonhos, chegou à conclusão de que todos os seres humanos estão sujeitos, desde o seu nascimento, a uma influência primordial ou arquetípica sediada no que ele denominou inconsciente coletivo. “O inconsciente coletivo, é comum a todos os homens; é fundamento do que a antiguidade chamava de simpatia de todas as coisas”.
Jung compara o desenvolvimento da psique ao do corpo: “Nosso corpo conserva os vestígios de seu desenvolvimento filogenético; o mesmo acontece com o espírito humano. Em outras palavras, nossos espíritos, assim como nossos corpos, herdam experiências ancestrais cuja memória está inscrita no inconsciente coletivo”.
Para Jung, o ser humano é dotado de um centro divino interior que transcende e engloba o eu exterior. Assim, Jung relatou os “arquétipos”, normalmente presença constante em sonhos, através de símbolos e imagens, inclusive, constatando que as pessoas teriam os mesmos sonhos arquétipos de eras em eras. Jung relata diversas formas de sonhar: Aquele proveniente de mal estar físico... Aquele proveniente do ambiente que se dorme, como calor, frio, etc... Sonhos como avisos importantes... E a respeito do futuro e do passado...
Como este artigo é a respeito de desvendar sonhos, passaremos agora a desmistificá-los e tecer comentários científicos e místicos com base em artigos e livros publicados: Segundo vários pesquisadores, alguns temas em sonhos retornam com mais freqüência que outros; Como exemplo o banho: para alguns pode ser fatores psicológicos, mas para o místico, “Poderia simbolizar a imersão nas águas da regeneração espiritual”.
Por outro lado, para quem sonha sempre com morte, não diz necessariamente respeito à própria morte, mas, sim, podendo ser uma etapa conquistada para uma renovação.
Assim, segundo Blais, este seria o melhor roteiro para a interpretação dos sonhos:
1 – Quais associações me sugerem o sonho?
2 – Que é que o inconsciente está procurando me comunicar?
3 – Trata-se de um sonho repetitivo?
4 – Qual é o seu impacto emocional?
5 – Qual o seu contexto do sonho?
6 – Está o sonho ligado a um problema que me preocupa atualmente?
7 – Põe ele em questão certas situações aflitivas da minha infância?
8 – Incita-me a corrigir um ponto de vista inexato?
9 – Em que cumpre ele uma função de compensação?
10 – Esse sonho me permite antecipar o futuro?
11 – Que faceta da minha personalidade ele focaliza?
12 – Apresenta ele imagens relacionadas com o simbolismo universal?
13 – Tem ele caráter espiritual?
Conclusão, o sonho é estritamente pessoal, só a pessoa consegue desvendar seus sonhos, levando em consideração os fatores supra explicitados; ademais, cientistas se debruçam sob o assunto a milhares de anos, e, só agora o assunto se torna interessante para milhares deles.
Por outro lado, a partir do momento que comecemos a estudá-los, teremos uma compreensão melhor de quem somos e seremos... Pois o homem é a semelhança de Deus, podendo também ser Deus a sua semelhança...
Miguel Monte é Publicitário/Jornalista – E-mail/MSN: miguelmonte@oguapore.com

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